Dia do pai versus dia de enterrar o Diabo


“Hoje tive uma tarde tranquila num café de Ligares e chamou-me a atenção a
conversas que quatro sábios (idosos) trocavam entre si. O tema da conversa
era sobre o dia de hoje – 19 de Março – DIA DO PAI/DIA DE S.JOSÉ.
Na verdade, em Ligares a história é outra. A título de curiosidade perguntei
a um dos sábios como comemoravam este dia no tempo deles! Prontamente
responderam que em primeiro lugar este dia era considerado dia “SANTO”,
ninguém trabalhava, era o dia de S. José relativamente à parte religiosa,
mas também era o dia de ENTERRAR O DIABO. Foi então que perguntei o que é
que se passava na aldeia relativamente a esta parte profana. Com o inicio da
quaresma, por volta da década de 40 havia Ligareses(as) que cumpriam
determinadas penitências até ao domingo de Páscoa. No entanto, neste dia,
19 de Março, era permitido, rapazes e raparigas, mais idosos e menos idosos,
irem pelos caminhos de trás do cabeço de Santa Bárbara e tinham que, com a mão
esquerda dar um nó numa giesta e rezar uma ladainha. A concentração terminava,
durante o dia, nas Eiras do Concelho, hoje parece mais o “CURRAL DE MOINAS”,
onde rapazes e raparigas, novos e velhos, lhes eram permitidos, só neste dia,
durante a quaresma, dançarem ao som de concertinas e realejos. Quando anoitecia,
regressavam à aldeia e ocupavam-se os salões mais disponíveis, onde para
os mais ricos, a dança era acompanhada por grafonolas, e noutros salões,
para os mais pobres, a dança continuava com as concertinas e realejos.
Na década de 40/50, era assim passado o dia de S. José. Só muito mais
tarde se veio a institucionalizar-se o dia 19 de Março como o DIA DO PAI,
deixando de ser um dia SANTO. Ainda perguntei a algumas senhoras com a idade
das nossas mães, mas não me souberam dizer a ladainha que rezavam ao ramo de S. José.
Vou tentar saber."
Email enviado pelo meu amigo Quim

Eu fiz uma pequena pesquisa e descobri no livro "Ocidente, volume 60"
esta reza ao ramo de S. José de Freixo de Espada à Cinta,
creio que não está completa, pois infelizmente o acesso ao livro era restrito.
Mas é uma pista, embora acredite que em Ligares fosse diferente...

"Deste-m'um ramo d'arruda, Fizeste de mim diabo; Oxalá que eu o fosse,
Que te trazia tentado..."

Ajudem-nos com factos sobre este assunto, a encontrar as nossas raizes
enviei o texto para ligares3@gmil.com

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